A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, tem acompanhado com preocupação a discussão envolvendo o importante tema de Telemedicina, abordado pelo CFM como normatização para o atendimento médico por Telemedicina. As discussões têm sido árduas e produtivas pela maioria dos envolvidos, porém, pouco racionais por outros, construindo uma agenda negativa ao invés de discutirmos o tema, privilegiando a ética e as boas práticas médicas. Ao contrário do que alguns pensam, estamos acompanhando o tema desde o nascedouro, inclusive junto à AMB. Não vemos como saudável que alguns grupos regionais queiram se manifestar de forma isolada, numa clara demonstração de desunião e enfraquecimento de nossa causa, que tem na valorização profissional seu principal pilar.

O avanço tecnológico tem sido enorme em todos os campos, como a inteligência artificial, robótica, telecomunicação, transportes urbanos, gigantes bancos de dados e, da mesma forma como muitos desta geração não conheceram as câmeras fotográficas com filmes, fax etc., talvez na próxima geração muitos não saberão o que é um boleto bancário ou um cartão de crédito, pois as transações financeiras serão feitas todas pelos celulares. Portanto, a evolução tecnológica é inexorável e o que precisamos é entende-las, regulamentá-las e fazer com que venham a nos beneficiar e não competir negativamente.

A tecnologia da informação aplicada à saúde tem sido utilizada nas últimas décadas em ampla escala e muitas vezes não nos apercebemos disso, como por exemplo troca de informações e imagens pela internet ou pelo whatsapp ou outros aplicativos disponíveis no mercado. É fundamental ficar claro que a telemedicina deve existir para o aprimoramento ou auxilio do profissional médico em benefício dos pacientes e NUNCA substitui-lo. O que não podemos fazer é ficar de fora, apenas criticando ou se lamentando, enquanto outros profissionais, às vezes não médicos, inábeis ou com interesses diversos da ética e das boas práticas determinam o rumo das discussões no nosso lugar.

O projeto da SBOT, chamado Teleortopedia, tem como objetivo beneficiar áreas geograficamente distantes e carentes da especialidade, dentro de um programa SUS, através da troca de informações, com rígidas regras, feito EXCLUSIVAMENTE entre médicos. A SBOT reconhece o CFM como seu conselho Federal, porém, reserva o direito de contestação quando entendemos que prerrogativas são extrapoladas ou excluem as sociedades de especialidades e os médicos na tomada de decisões envolvendo temas de grande complexidade como esse em pauta. Queremos fazer parte da mesa de discussões com as especialidades para que juntos possamos ter maiores possibilidades de sucesso em nossas decisões

Moises Cohen
Presidente